O matemático Luiz Cláudio Costa, que assumiu recentemente a a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - órgão vinculado ao MEC e responsável pelo Exame nacional do Ensino Médio (Enem) defendeu a postura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em ofertar metade das vagas via Enem/Sisu. A ampliação na adesão ao sistema foi discutida na tarde de ontem, em palestra de Luiz Cláudio Costa, no auditório da reitoria. O vestibular da UFRN, tal qual conhecemos, deverá ter sua última edição este ano. Para 2014, a estimativa é de a totalidade das vagas serem conquistadas por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), que se vale das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A decisão sobre a adesão, no entanto, caberá ao Conselho Universitário, que apreciará a proposta dia 17 de abril.
Luiz Cláudio Costa: decisão adotada pela UFRN fortalece instrumento de acesso ao ensino superior
Para o presidente do Inep, a Universidade se vale da prudência em aderir gradativamente ao "sistema nacional de acesso às Universidades" - como nomeou a política educacional, mas mostra também confiança no fortalecimento do sistema. "A UFRN está conduzindo da melhor forma a discussão com todos os segmentos da sociedade. Num trabalho de convencimento pedagógico e respeitando sua autonomia", disse.
A mudança não implica desqualificar o vestibular tradicional, na avaliação do responsável pelo Enem, mas em fortalecer do instrumento de acesso ao ensino superior. O desempenho no exame, que avalia a qualidade do ensino médio brasileiro, amplia as chances de se tornar universitário, com a oferta de 108 mil vagas em 95 instituições espalhadas pelo país. Nas últimas edições, o Exame tem sido alvo de polêmica, devido a falhas na correção e sigilo das provas.
Questionados sobre quais alterações serão adotadas para garantir a segurança do Enem 2012, o ex-secretário nacional de Ensino Superior disse estar "imerso" na análise de cada etapa do processo - o Instituto é responsável pela elaboração, distribuição, aplicação e correção das provas do Enem - e não antecipou as medidas, tampouco os investimentos para execução e melhorias serão feitos. A realização de duas edições, como era prevista, também não foi confirmada. "Todas as modificações serão anunciadas em outro momento", resumiu.
Claudio Costa garantiu manter o mesmo critério e cuidado usado nas edições anteriores, acrescido da experiência de instituições de ensino superior para a correção das falhas. "Se há furto estamos falando de crime e não de gestão", rebateu. Contudo, acrescentou o presidente do Inep: "Estamos trabalhando para reiterar a tranquilidade e confiança no processo".
Das 31 mil inscrições que a UFRN recebeu no vestibular passado, quando abriu 6 mil vagas, cerca de 20 mil inscritos concorriam as 385 vagas via Enem em onze cursos. Mais democrático, o sistema via Enem/Sisu, deverá nivelar, segundo o presidente do Inep Luiz Claudio Costa, a disparidade entre o número de estudantes egressos da escola pública e privada que chegam a faculdades públicas. "O Brasil está dando um passo à frente e respeitando a autonomia e a experiência das universidades em fazer os seus processos seletivos", disse, descartando metas e prazos para que as instituições façam opção parcial ou integral ao sistema.
Reitora defende provas do Enem
A reitora Angela Paiva disse que a abertura da instituição, até então reticente, se deve ao aperfeiçoamento do Enem, ao longo do tempo. O crescimento no número de instituições que adotam o sistema, o que demonstra uma "confiança coletiva", segundo Angela Paiva, bem como a garantia de maior inclusão de alunos foram ponderados na decisão de "a UFRN não ficar isolada em relação as demais universidades do país", disse.
Questionada sobre a segurança do Enem em relação a confiança conquistada no processo seletivo elaborado pela Comissão Permanente de Vestibular (Comperve), a reitora frisou que "o Enem é tão seguro quanto o vestibular da UFRN, se considerado a dimensão do processo". Mesmo com um universo muito inferior, cerca de 30 mil candidatos (em comparação com os 5 milhões do Enem), a UFRN também enfrenta eventualidades na execução da prova, admite a reitora.
O aumento no ingresso de estudantes oriundos da rede pública de ensino, com a entrada no Enem, irá demandar ainda maior captação de recursos para realização de ações sociais. "Como o Enem/SiSU inclui estudantes das diversas regiões, do interior, será preciso dar mais assistência social. É natural isso requerer um orçamento maior para a política de atendimento estudantil", observa a reitora da UFRN.
Para a presidente da Comperve Magda Pinheiro não há desconstrução no consolidação do modelo adotado atualmente. "As provas da Comperve já são próximas das do Enem. O processo será nacional e cobrará o mesmo nível de conhecimento dos estudantes de todas as regiões do país", analisa. A atuação da Comperve, após a realização do vestibular 2013 - caso a adesão total seja aprovada para 2014 - deverá ser voltada para organização de concursos públicos.
De acordo com as informações da PROGRAD, o processo de implantação do ENEM/SiSu será total. Ou seja, para 50% do total de vagas da instituição, o Exame substituirá a primeira e a segunda fase, diferentemente de universidades como as federais de Pernambuco, Minas Gerais e Pará (UFPA), que optaram pelas notas do ENEM apenas na primeira fase do processo seletivo.