sábado, 20 de agosto de 2011

Educação Alunos esperam a reposição das aulas na rede pública

Escolas não apresentam calendário

Há exatos trinta dias, encerrava-se a greve dos professores estaduais. Este intervalo de tempo, porém, não foi suficiente para as escolas apresentarem à Secretaria Estadual de Educação o calendário de reposição das aulas no pós-greve. Até o meio dia de ontem, somente 87 das 157 escolas estaduais que compõem a 1ª Diretoria Regional de Ensino (Dired), que contempla Natal e região metropolitana, haviam encaminhado o cronograma  definido entre diretores, professores, pais e alunos. As consequências do pós-greve e das interrogações que cercam o cumprimento do calendário são sentidas, principalmente, pelos alunos do ensino médio que prestarão vestibular.

 Entre aulas aos sábados - as quais já estão sendo realizadas em alguns escolas - e a ampliação dos turnos com a inclusão de mais um horário, o cumprimento do ano letivo 2011 ainda permanece uma incógnita para a diretora da Escola Estadual Winston Churchill, Maria Eliane Silva de Carvalho. "Na minha concepção, a escolha do sexto horário, por exemplo, não funciona. Mas é uma imposição. Teremos que cumpri-la", afirmou.

 A própria secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho, disse, ao final da greve dos professores, que "o tempo perdido é irrecuperável e estava planejando atividades e algumas estratégias para tentar minimizar o prejuízo". De acordo com Maria Eliane, mesmo antes do fim da greve, as escolas montaram um calendário autônomo e apresentaram à Secretaria. Os diretores foram informados, entretanto, que não valia mais a sugestão e eles teriam que seguir o cronograma estabelecido pela Secretaria Estadual de Educação.

 Nas escolas, nem mesmo os alunos sabem a partir de quando o novo horário passará a ser cumprido. "A gente não tem todos os professores. Os que temos, estão desestimulados. Nós precisamos de um enfoque no vestibular e não temos. O jeito é procurar cursinho, estudar por conta própria", relatou o estudante Lincoln Medeiros, que irá prestar vestibular no final do ano.

 Além dos problemas gerados pelos quase 80 dias de greve, algumas dificuldades permanecem as mesmas desde o início do ano. No Churchill, faltam professores de química, artes, educação física e história. "A Secretaria sabe de todas as nossas necessidades, da falta de professores. Nós já comunicamos diversas vezes este ano", esclareceu a diretora Maria Eliane.

 Para ela, enquanto o Governo Estadual não priorizar a educação, as greves continuarão acontecendo todos os anos. "O Governo diz que o foco da escola é o aluno, mas não é. A greve da educação estadual se tornou cultura. Ocorre todos os anos e ninguém faz nada pra mudar essa realidade", afirmou Maria Eliane. Ela acredita que o cumprimento do calendário poderá não ser feito face às recorrentes dificuldades apontadas pelos alunos.

 "Existem colegas de turma que trabalham, que precisam sair da escola direto pro emprego. Eles não poderão ficar aqui uma hora a mais", disse Lincoln referindo-se à possibilidade de ampliação do turno em mais 50 minutos. Esta foi a saída escolhida  em reunião, para que a escola consiga cumprir, os 200 dias letivos obrigatórios. Até agora, entretanto, as aulas seguem no mesmo ritmo do período anterior à greve.

 A diretora da 1ª Dired, Ana Alice Fernandes de Oliveira, reconheceu as dificuldades. "Existem muitos problemas a serem vencidos. Nosso objetivo é cumprir o calendário em sua totalidade". Para isso, ela garantiu que todas as escolas estaduais serão visitadas para que as Diretorias Regionais de Ensino de todo o estado verifiquem se as aulas estão sendo repostas conforme imposição da Secretaria Estadual de Educação.

 Questionada sobre a situação dos alunos concluintes dos ensinos fundamental e médio, Ana Alice garantiu que medidas serão tomadas para que eles não saiam prejudicados em relação aos exames que prestarão. "Algumas escolas irão fazer aulões, para suprir as necessidades desses alunos. Na realidade, o calendário ainda está se estruturando", destacou.

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